Os ministros da Defesa da NATO, reunidos em Bruxelas, exortaram esta quarta-feira a Rússia a escolher a via diplomática para resolver a crise com a Ucrânia, mas, como medida preventiva, confirmaram o reforço da presença militar a leste.
"As acções da Rússia representam uma séria ameaça à segurança euro-atlântica. Como consequência, e para assegurar a defesa de todos os Aliados, estamos a destacar forças terrestres adicionais para a parte oriental da Aliança, bem como recursos marítimos e aéreos adicionais, tal como anunciado pelos Aliados, e aumentámos a prontidão das nossas forças", lê-se numa declaração dos ministros da Defesa da NATO divulgada hoje à tarde.
Acrescentando que a NATO está também prestes a "reforçar ainda mais" a sua "postura defensiva e dissuasora para responder a todas as contingências", os ministros da Defesa da Aliança Atlântica, entre os quais João Gomes Cravinho, que representa Portugal na reunião, argumentam que estas medidas são "preventivas e proporcionais" e não contribuem para uma escalada das tensões.
Sem nunca fazerem referência aos anúncios de Moscovo de uma retirada de tropas -- que a Aliança garante não ter ainda constatado no terreno -- os ministros da Defesa dos 30 Estados-membros da NATO começam por reafirmar a sua "profunda preocupação" com o "reforço em grande escala, sem justificação e na ausência de qualquer ameaça, do dispositivo militar russo na Ucrânia e em seu redor, assim como na Bielorrússia".
"Instamos a Rússia, nos termos mais fortes possíveis, a escolher a via da diplomacia, e a inverter imediatamente o reforço do seu dispositivo militar e a retirar as suas forças da Ucrânia, de acordo com as suas obrigações e compromissos internacionais", indicam os representantes.
E reforçam: "Continuamos empenhados na nossa abordagem dupla à Rússia: forte dissuasão e defesa, combinada com a abertura ao diálogo".
Os ministros garantem ainda que "a NATO e os Aliados continuam a prosseguir a diplomacia e o diálogo com a Rússia sobre questões de segurança euro-atlântica, incluindo ao mais alto nível" e apoiam todos os esforços com vista à implementação dos Acordos de Minsk (no âmbito da procura de uma solução para o conflito que atinge desde 2014 a região do Donbass, no leste ucraniano).
"Manifestámos a nossa disponibilidade para participar num diálogo renovado sobre segurança europeia, iniciado pela Polónia enquanto actual presidente da OSCE [Organização para a Segurança e Cooperação na Europa]. Fizemos propostas substanciais à Rússia para reforçar a segurança de todas as nações da região euro-atlântica e aguardamos uma resposta. Temos repetidamente oferecido, e continuamos a oferecer, mais diálogo através do Conselho NATO-Rússia, e estamos prontos para nos envolvermos. Encorajamos vivamente a Rússia a retribuir e a escolher a diplomacia e a desescalada", indicam.
Contudo, advertem os ministros da Defesa, "a NATO continua comprometida com os princípios fundamentais subjacentes à segurança europeia, incluindo o de que cada nação tem o direito de escolher as suas próprias disposições de segurança".
"Reafirmamos o nosso apoio à integridade territorial e à soberania da Ucrânia dentro das suas fronteiras internacionalmente reconhecidas. Como já foi dito anteriormente, qualquer nova agressão russa contra a Ucrânia terá consequências maciças e terá um preço elevado. A NATO prosseguirá a estreita cooperação com os intervenientes relevantes e outras organizações internacionais, incluindo a União Europeia (UE)", referem.
Numa altura em que o Kremlin (Presidência russa) garante que concluiu as manobras militares nas zonas fronteiriças, um anúncio recebido com muita cautela pela NATO e pela UE, a crise entre Rússia e Ucrânia será objecto de discussão ao mais alto nível dos 27 na quinta-feira, já que foi hoje convocada uma reunião informal dos chefes de Estado e de Governo da UE para fazer um ponto da situação do conflito, imediatamente antes do arranque da cimeira UE-União Africana (UA). (RM-NM)
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