A Missão das Nações Unidas na República Centro Africana (MINUSCA) já solicitou à ONU um reforço de até três mil efectivos para ajudar os militares no terreno a estabilizar a região, revelou esta quarta-feira o segundo comandante Maia Pereira.
O número foi adiantado esta quarta-feira, pelo major-general Paulo Emanuel Maia Pereira, segundo comandante da Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana (MINUSCA), que foi ouvido por videoconferência na Comissão de Defesa Nacional da Assembleia da República, numa audição conjunta com representantes das Forças Nacionais Destacadas na região.
"Aquilo que se passa neste momento na MINUSCA é claramente fruto de ameaças que pode haver aos eixos secundários, nomeadamente às pontes", numa altura em que se aproxima a época das chuvas, que vai começar em Maio, explicou o responsável.
Tendo em conta estas dificuldades dos acessos na região, entre outros desafios, "nas Nações Unidas a MINUSCA pediu um reforço na ordem dos três mil efectivos", sendo também necessária a capacidade de meios aéreos.
Poderão ser "tanto meios aéreos de transporte, prioritariamente, como de evacuação e meios aéreos de vigilância", explicitou.
Quanto às eleições previstas na região, ainda sem data marcada, o segundo comandante da missão adiantou que está a ser feita, em coordenação com as autoridades soberanas da RCA, um reajustamento dos locais de voto, assegurando a logística necessária ao sucesso do sufrágio.
"Nós estamos num estado de emergência que foi promovido por seis meses (...) que cria alguns condicionamentos mas que, no fundo, nos traz uma certeza: poderemos ter, com alguma redução e readaptação dos locais de voto, um sucesso, no mínimo, na participação", considerou.
Em 17 de Dezembro, seis dos grupos armados rebeldes que ocupam dois terços da RCA aliaram-se na Coligação de Patriotas para a Mudança (CPC), tendo, em 19 de Dezembro, oito dias antes das eleições presidenciais e legislativas, anunciado uma ofensiva para impedir a reeleição do Presidente, Faustin Archange Touadéra.
Desde aí, Bangui tem sido bloqueada pelos principais grupos armados, que realizaram vários ataques a importantes estradas nacionais que ligam a capital a países vizinhos.
A 05 de Fevereiro, o parlamento centro-africano aprovou uma prorrogação do estado de emergência por seis meses, garantido assim mais liberdade às autoridades de efectuarem detenções.
A Minusca criticou as tentativas de os rebeldes no país asfixiarem a capital, Bangui, alertando para a "tragédia social e humanitária" que poderá afectar a população.
Touadéra foi declarado reeleito em 04 de Janeiro após uma votação que foi contestada pela oposição e na qual apenas um em cada dois eleitores recenseados teve a oportunidade de votar por causa da insegurança fora de Bangui.
Mais de um mês depois da primeira volta e quando ainda não há data marcada para a segunda ronda, 118 assentos parlamentares continuam por preencher, depois de o Tribunal Constitucional centro-africano ter validado a eleição de 22 deputados no primeiro sufrágio.
A RCA caiu no caos e na violência em 2013, após o derrube do então Presidente François Bozizé, por grupos armados juntos na Séléka, o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas na anti-Balaka.
Desde então, o território centro-africano tem sido palco de confrontos comunitários entre estes grupos, que obrigaram quase um quarto dos 4,7 milhões de habitantes da RCA a abandonarem as suas casas.
Portugal tem actualmente na RCA 243 militares, dos quais 188 integram a Minusca e 55 participam na missão de treino da União Europeia (EUTM), liderada por Portugal, pelo brigadeiro general Neves de Abreu, até Setembro de 2021. (RM-Angop)
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