O governo russo criticou, esta terça, o confisco pelos Estados Unidos do avião oficial do Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, exigindo a Washington a devolução "do que foi roubado" a Caracas.
"Estamos solidários com os nossos amigos bolivarianos nas suas legítimas exigências para devolver o que foi roubado ao Estado venezuelano", destacou o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, em comunicado.
Segundo Moscovo, os excessos na política de sanções aplicadas por Washington "não têm limites".
"Mais uma vez ficou demonstrado um total desrespeito pelas normas jurídicas internacionais", acrescentou ainda a diplomacia russa.
Para o ministério liderado por Serguei Lavrov, com o confisco do avião, os EUA enviaram "outro sinal" de que podem assumir o controlo da propriedade soberana de outros países.
O avião oficial de Maduro foi confiscado na segunda-feira na República Dominicana e levado para a Florida no âmbito das sanções aplicadas a Caracas pelo Governo norte-americano, sob o argumento de ter sido "comprado ilegalmente" por 13 milhões de dólares.
De acordo com o procurador-geral dos EUA, Merrick B. Garland, no final de 2022 e início de 2023, indivíduos afiliados a Maduro terão utilizado uma empresa de fachada com sede nas Caraíbas para esconder o seu envolvimento na compra ilegal do avião a uma empresa com sede no distrito sul da Florida.
O avião, registado em San Marino, foi frequentemente utilizado por Maduro para viagens ao estrangeiro, incluindo algumas realizadas no início deste ano à Guiana e a Cuba.
Em 22 de Agosto, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela, controlado pelos chavistas, validou a reeleição de Maduro para um terceiro mandato presidencial de seis anos, nas eleições de 28 de Julho - uma validação de vitória rejeitada por numerosos países que instaram as autoridades venezuelanas a divulgarem os resultados eleitorais pormenorizados.
Nicolás Maduro, de 61 anos, foi, após o ato eleitoral, proclamado vencedor das presidenciais, com 52% dos votos, pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) que, no entanto, não divulgou as actas das assembleias de voto, afirmando-se vítima de um acto de pirataria informática.
Tal argumento foi então considerado pouco credível pela oposição e por numerosos observadores, que nele viram uma manobra do poder para evitar ter de apresentar a contagem de votos exacta.
O anúncio da reeleição do Presidente socialista no escrutínio de Julho desencadeou manifestações espontâneas, que foram violentamente reprimidas. Os protestos causaram pelo menos 27 mortos e 192 feridos e 2.400 pessoas foram detidas, de acordo com fontes oficiais.
Segundo a oposição, que tornou públicas as actas de votação obtidas graças aos seus escrutinadores, o seu candidato, Edmundo González Urrutia, venceu as eleições com mais de 60% dos votos.
Sem as mostrar, o TSJ assegurou a 22 de Agosto ter verificado as atas da votação que lhe foram entregues pelo poder, bem como a veracidade do ataque informático ao CNE. (RM /NMInuto)
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