O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, disse hoje que a organização militar permanece inquieta sobre os riscos de um conflito efectivo na Ucrânia devido ao contínuo reforço militar russo e que se deve preparar para um falhanço da diplomacia.
"O reforço militar da Rússia em torno da Ucrânia prossegue e é acompanhado por um discurso ameaçador de Moscovo, caso as suas exigências não sejam aceites. Mas elas são inaceitáveis e o risco de um novo conflito é real", dramatizou em conferência de imprensa, no final de uma reunião por videoconferência com os ministros dos Negócios Estrangeiros dos países da Aliança.
Stoltenberg lamentou que a Rússia não tenha fornecido sinais positivos, ao assegurar que Moscovo prossegue com a concentração de "milhares de tropas e armamento pesado" e mantém uma "retórica ameaçadora".
No entanto, congratulou-se pela disponibilidade do Kremlin em dialogar com os Estados Unidos e a NATO sobre as formas de garantir a segurança na Europa.
O chefe da NATO reiterou que um eventual ataque à Ucrânia "terá consequências significativas e um elevado preço para a Rússia", e especificou que os Estados Unidos e a União Europeia (UE) já ameaçaram com sanções económicas.
Em simultâneo, definiu como um "sinal positivo" a disponibilidade do Kremlin para "se sentar à mesa e dialogar" quer com Washington, na próxima segunda-feira em Genebra (Suíça), quer com a NATO, na quarta-feira em Bruxelas, e desejou que estes encontros signifiquem "o início de um processo" no qual se poderá "comprometer com diversos assuntos".
O Kremlin pretende negociar com Washington e a NATO um novo quadro de segurança europeu, e pretende que os Estados Unidos se associem à sua moratória unilateral sobre o deslocamento de mísseis de curto alcance no continente.
Moscovo tem ainda exortado a Aliança para que diminua de forma substancial as suas manobras militares junto das fronteiras russas.
Ainda hoje, e num contacto telefónico com o seu homólogo ucraniano Dmytro Kuleba, o secretário de Estados dos EUA Antony Blinken prometeu que "não haverá discussões sobre a Ucrânia sem a Ucrânia", a poucos dias das conversações directas russo-norte-americanas.
O chefe da diplomacia dos EUA evocou as "potenciais respostas dos Estados Unidos e seus aliados" face à concentração de tropas russas, e foram ainda abordadas as três reuniões da próxima semana, incluindo o encontro em Viena na quinta-feira, da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), que também inclui Kiev.
Em Paris, o Presidente francês Emmanuel Macron pronunciou-se por sua vez a favor de um diálogo "franco, exigente e coordenado" entre a UE e a Rússia.
A França -- que assumiu em 01 de Janeiro a presidência rotativa do bloco comunitário -- tem defendido uma "arquitectura de segurança" própria, que permita à União Europeia reagir de forma autónoma face a futuros desafios geopolíticos.
"A UE deve dialogar com a Rússia. Dialogar não é fazer concessões. É, em primeiro lugar, abordar os desacordos, mas construir o futuro", disse Macron em conferência de imprensa com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. (RM /NMinuto)
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