A Rússia advertiu, esta sexta-feira, que uma intervenção militar estrangeira no Níger para restabelecer a ordem constitucional no país conduzirá a um "conflito prolongado" no país africano.
"A solução militar da crise no Níger pode conduzir a um confronto prolongado neste país africano, bem como a uma grave desestabilização da situação na região do Saara e do Sahel", declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, em comunicado.
As declarações de Moscovo surgem depois de a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) ter ordenado a "activação" da "força de reserva" do bloco para uma eventual intervenção militar destinada a "restaurar a ordem constitucional" no Níger, embora garanta que continua empenhada no diálogo.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros russo disse apoiar os esforços da CEDEAO para procurar uma solução para a crise através de meios políticos e diplomáticos.
"Continuamos a acompanhar de perto a evolução da situação no Níger", acrescentou Moscovo.
O golpe de Estado no Níger foi liderado em 26 de Julho pelo autodenominado Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria (CNSP), que anunciou a destituição do Presidente e a suspensão da Constituição.
Em 04 de Agosto, o Kremlin advertiu contra a ingerência militar nos assuntos do Níger, mas declarou-se favorável ao regresso da situação à "via constitucional".
Na capital do Níger, milhares de apoiantes do regime militar concentraram-se, esta sexta-feira, junto à base militar francesa em Niamey, entoando palavras de ordem hostis à França, noticiou a agência France-Presse.
"Abaixo a França, abaixo a CEDEAO", gritavam os manifestantes no comício, realizado um dia após uma cimeira da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental ter dado "luz verde" a uma possível intervenção militar para repor no cargo o Presidente Mohamed Bazoum.
Os manifestantes agitavam também bandeiras russas e nigerinas e gritavam o seu apoio aos soldados que tomaram o poder, em particular ao seu líder, o general Abdourahamane Tiani.
"Vamos fazer com que os franceses se vão embora! A CEDEAO não é independente, está a ser manipulada pela França, há uma influência externa", declarou Aziz Rabeh Ali, membro de uma associação de estudantes que apoia o regime militar.
Ao fim da tarde, a manifestação ainda estava a decorrer e sem registo de incidentes. (RM /NMinuto)
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