Novas manifestações no Quénia (apesar da proibição dos protestos)

Publicado: 23/07/2024, 21:00
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Centenas de pessoas voltaram a manifestar-se hoje contra o Governo do Quénia, apesar da proibição dos protestos, que duram há mais de um mês e cuja repressão das autoridades causou pelo menos 50 mortos.

No centro de negócios de Nairobi, epicentro de anteriores manifestações, as lojas permaneceram fechadas, enquanto alguns manifestantes marcharam em direcção ao Aeroporto Internacional Jomo Kenyatta, um dos mais movimentados de África.

A polícia fortemente armada foi colocada nas estradas que levam ao aeroporto, com o exército a tomar posições na área densamente povoada adjacente ao aeroporto, enquanto as autoridades da aviação pediam aos passageiros que chegassem horas antes do voo para passarem pelos controlos de segurança reforçados.

"Não há dúvida de que as atuais manifestações se tornaram um refúgio para criminosos motivados e oportunistas que saqueiam e destroem propriedades", disse aos jornalistas o chefe da polícia em exercício, Douglas Kanja.

"Repetimos que qualquer pessoa que infrinja a lei será punida com rapidez e firmeza", continuou.

Pelo menos cinco manifestantes foram detidos a cerca de quinze quilómetros do aeroporto, disse uma fonte policial à agência de notícias France-Presse (AFP), acrescentando que "a polícia mostrou muita contenção hoje".

Na cidade costeira de Mombaça, a polícia disparou gás lacrimogéneo contra dezenas de manifestantes reunidos no centro da cidade, segundo imagens difundidas pelos meios de comunicação social locais.

Desde 18 de Junho, o Quénia tem sido palco de manifestações lideradas inicialmente por jovens da "Geração Z" (nascidos depois de 1997), indignados com um projeto de orçamento que previa o aumento dos impostos sobre os produtos de uso corrente, que acabou por ser retirado pelo Presidente, face à amplitude dos protestos.

A Câmara Baixa do parlamento retomou o debate sobre o projeto de orçamento, para decidir se o abandona ou não.

O recinto parlamentar tem sido o epicentro de numerosas manifestações.

Em 25 de Junho, a polícia disparou munições reais contra manifestantes que invadiram o parlamento. De acordo com uma organização oficial de defesa dos direitos humanos, pelo menos 50 pessoas foram mortas desde o início do movimento, em 18 de Junho.

Surpreendido pela dimensão dos protestos, o Presidente, William Ruto, que chegou ao poder em 2022, tomou uma série de medidas, incluindo a retirada do projeto de orçamento e a demissão de quase todo o seu Governo.

Na sexta-feira, o Presidente anunciou a composição parcial de um Governo composto por 11 membros, a maioria dos quais já fazia parte da equipa anterior, para exasperação dos manifestantes.

O chefe de Estado declarou que prosseguia as consultas com vista à formação de um "Governo de base alargada". (RM-NM)

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