O Conselho de Segurança da ONU alertou, este sábado, para as consequências potenciais do impasse eleitoral na Somália, que pode "anular os progressos" na governação e agravar problemas de segurança com que o país se confronta.
Numa declaração ontem adoptada, os 15 membros do Conselho de Segurança manifestam "profunda preocupação com o impasse político contínuo e o desacordo persistente entre os líderes políticos somalis sobre qual modelo usar para a realização de eleições".
"O desacordo actual não apenas anula progressos duramente conquistados, mas também desvia a atenção de questões urgentes", incluindo desastres naturais, a pandemia da covid-19 e a luta contra a ameaça terrorista (do movimento islâmico) do Al-Shabab", refere a declaração.
A Somália vive num estado de guerra e caos desde 1991, quando o ditador Mohamed Siad Barre foi derrubado, deixando o país sem um governo eficaz e nas mãos de milícias e senhores da guerra islâmicos, como o grupo 'jihadista' Al-Shabab, que controla as zonas rurais no centro e sul do país.
Em 12 de Abril, o Presidente da Somália prorrogou unilateralmente o seu mandato por dois anos, após meses de impasse político, e um dia depois a Câmara Baixa do parlamento (Câmara do Povo) votou a favor da prorrogação, apesar da rejeição absoluta tanto da oposição como da comunidade internacional.
A União Europeia (UE) apoiou, este sábado, a condenação da União Africana (UA) à prorrogação de mandato do Presidente da Somália, bem como a decisão do envio de um enviado especial a Mogadíscio para "alcançar um consenso para as eleições".
Num comunicado, o alto representante da UE para a política externa, Josep Borrell, descreveu as conclusões do Conselho de Paz e Segurança da União Africana sobre a situação política e de segurança na Somália como "decisivas e bem-vindas".
A UE "apoia a rejeição de qualquer extensão do mandato e espera um regresso rápido às negociações, facilitado por um enviado da União Africana, para que se chegue a um consenso para as eleições, com base no acordo de 17 de Setembro de 2020", salientou Borrell.
O acordo de Setembro - que definia o modelo para as eleições parlamentares e presidenciais e que tinha sido assinado tanto pelo Presidente Mohamed Abdullahi Mohamed Farmaajo como por líderes regionais - estabeleceu um roteiro para eleições indirectas, baseadas em clãs, apesar das promessas do Presidente de que estas seriam as primeiras eleições por sufrágio universal desde 1969.
Borrell manifestou também a disponibilidade da UE para "cooperar estreitamente" com o enviado da UA e, entretanto, apelou à "calma e a que se evite qualquer outra ação que possa exacerbar a tensão". (RM)
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