O enviado da ONU para a Líbia, Jan Kubis, lamentou esta sexta-feira perante o Conselho de Segurança da ONU os progressos "em ponto morto" para a reabertura da estrada costeira entre Syrte e Misrata e a retirada das forças estrangeiras.
"Os progressos em questões decisivas como a reabertura da estrada costeira entre Syrte e Misrata" que liga o leste ao oeste do país, e "o início da retirada dos mercenários estão em ponto morto", disse durante uma videoconferência do Conselho de Segurança.
"Novos atrasos na reabertura das obras nas estradas contrariam os esforços destinados a instaurar a confiança entre as duas partes e poderão comprometer os esforços para a concretização do acorde de cessar-fogo, e o avanço da transição política", advertiu.
Ao abordar este tema, a embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, lamentou a ausência de avanços políticos.
"Chegou o momento para os dirigentes líbios clarificarem as bases constitucionais das eleições" nacionais previstas para 24 de dezembro, "aprovem a necessária legislação e zelem para que os escrutínios não registem adiamentos", disse, ao exigir progressos antes de 01 de julho.
"A utilização, a presença e as atividades contínuas de milhares de mercenários, de combatentes estrangeiros e de grupos armados constituiu uma ameaça importante não apenas para a segurança da Líbia, mas para a região no seu conjunto", advertiu Jan Kubis.
"É essencial assegurar uma retirada ordenada dos combatentes estrangeiros, dos mercenários e dos grupos armados e ainda o seu desarmamento, desmobilização e reintegração nos seus países de origem", acrescentou.
"Todos os atores externos envolvidos no conflito devem terminar a sua ingerência militar e começar a retira da Líbia imediatamente", reafirmou a embaixadora norte-americana.
"Não existe espaço para uma interpretação sobre esta assunto. Todos significa todos", acrescentou.
Ao contrário dos mercenários russos que apoiaram as autoridades do leste do país, a Turquia afirma que as suas tropas foram enviadas para Tripoli no quadro de um acordo bilateral com o Governo, dando a entender que não estão abrangidas pelo pedido de partida das tropas estrangeiras.
Segundo a ONU, mais de 20.000 mercenários e militares estrangeiros ainda permanecem na Líbia. Entre estas forças, incluem-se militares turcos, mercenários russos, sudaneses e chadianos.
O receio da permanência dos grupos armados na Líbia foi também evocado por diversos membros do Conselho de Segurança, que recordaram a recente desestabilização no Chade que implicou a morte do seu Presidente, Idriss Déby.
"Receamos que as armas que se calam na Líbia não voltem a ressoar de forma mais ensurdecedora no Sahel, que regista a segunda vaga de impacto da crise líbia", disse a propósito o embaixador do Níger, Abdu Abarry.
O embaixador da Líbia na ONU, Taher El-Sonni recordou que o seu país exortou todos os Estados "a respeitarem" o acordado nas resoluções do Conselho de Segurança, "em particular a retirada de todas as forças estrangeiras e mercenários para que o Estado garanta a soberania no seu território". (RM-NM)
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