As Nações Unidas apelaram, esta segunda-feira, aos líderes da Somália para que mantenham o compromisso assumido no acordo alcançado para a conclusão das eleições em Fevereiro, cujos repetidos adiamentos criaram uma profunda crise política no país.
Na noite de domingo, o primeiro-ministro, Mohamed Hussein Roble, e os chefes dos vários estados da Somália prometeram concluir as eleições parlamentares até 25 de Fevereiro.
As tensões entre o chefe do executivo do país e o Presidente da Somália, Mohamed Abdullahi Mohamed, mais conhecido como 'Farmajo', têm sido recorrentes, particularmente no que respeita à organização do ato eleitoral. Aliás, a recente escalada de tensão entre os dois homens chegou mesmo a criar receios de que este conflito pudesse escalar para uma violência generalizada.
Na rede social Twitter, a missão da ONU na Somália disse hoje estar "satisfeita" com o consenso alcançado, mas acrescentou: "A prioridade agora é implementar estas decisões, a fim de se alcançar um resultado credível e amplamente aceite até este novo prazo".
"A ONU encoraja os líderes políticos somalis a manterem o espírito de cooperação, a evitarem provocações que possam [alimentar] mais conflitos ou tensões, e a concentrarem-se na execução rápida de um processo eleitoral credível em benefício de todos os somalis".
Presidente desde 2017, 'Farmajo', cujo mandato expirou a 08 de Fevereiro de 2021, falhou a realização de eleições. Entretanto, o anúncio, em meados de abril, da prorrogação do seu mandato por dois anos provocou confrontos armados em Mogadíscio, capital daquele país africano.
Num gesto de apaziguamento, o chefe de Estado confiou a Mohamed Hussein Roble a organização das eleições. Mas nos meses que se seguiram, os confrontos entre os dois homens continuaram.
Em Dezembro, 'Farmajo' suspendeu o primeiro-ministro, que prontamente acusou o Presidente de uma "tentativa de golpe" e desafiou a sua autoridade, enquanto a oposição apelava para que o chefe de Estado se demitisse.
No sistema eleitoral complexo da Somália, as cinco assembleias estatais do país e os delegados de uma panóplia de clãs e sub clãs escolhem os deputados que, por sua vez, nomeiam o Presidente.
As eleições para a câmara alta do Parlamento foram concluídas em todos os estados, excepto em Galmudug, e a votação começou no início de Novembro para a câmara baixa.
Muitos observadores acreditam que a crise no topo da liderança política do Estado e o impasse eleitoral estão a desviar a atenção de questões mais importantes na Somália, como a insurreição rebelde Shebab, que tem abalado o país desde 2007. (RM /NMinuto)
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