Para as crianças da Nigéria, estudar significa enfrentar ameaça de rapto

Publicado: 11/04/2024, 19:06
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A Organização Não-Governamental (ONG) Humans Right Watch (HRW) lamentou hoje que, dez anos após o rapto de 276 meninas em Chibok, a Nigéria ainda não conseguiu concretizar medidas cruciais para proporcionar um ambiente de aprendizagem seguro.

"Para muitas crianças no norte da Nigéria, estudar significa enfrentar a ameaça constante de rapto", afirmou Anietie Ewang, investigadora nigeriana da HRW, em comunicado, dias antes do décimo aniversário do rapto de 276 meninas na cidade de Chibok.

Os acontecimentos de Chibok ocorreram a 14 de abril de 2014, quando os extremistas do Boko Haram entraram na Escola Secundária Estatal Feminina de Chibok, no estado de Borno, e raptaram 276 estudantes, das quais cerca de uma centena ainda estão desaparecidas.

Segundo dados da ONG Save the Children, desde 2014 mais de 1.600 menores foram raptados no norte da Nigéria.

Após os acontecimentos de Chibok, o Governo nigeriano apoiou um compromisso político internacional para proteger a educação e impedir o uso militar das escolas que as poderia transformar em alvos de violência, além de lançar uma iniciativa com fundos iniciais de dez milhões de dólares para centros educativos mais seguros.

Transferir escolas para outras áreas e criar um modelo de escola segura a ser implantado nos estados de Borno, Adamawa e Yobe, os estados mais atingidos pelos extremistas, foram algumas das medidas visadas para atingir o objetivo.

No entanto, o projeto perdeu impulso e quase não registou quaisquer progressos no "fortalecimento das escolas" devido à falta de um programa nacional e de liderança do Ministério da Educação da Nigéria, destacou a HRW.

A contínua crise dos raptos mostra que as lições do passado não foram aprendidas, enquanto os estudantes continuam expostos a infraestruturas de segurança inadequadas e a uma resposta ineficaz das autoridades, disse o especialista em segurança, Kemi Okenyodo, à HRW.

De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), muitas escolas foram forçadas a fechar na Nigéria, onde mais de 20 milhões de crianças não frequentam a escola, um dos números mais elevados do mundo.

Segundo a HRW, as raparigas vêem-se duplamente desafiadas, "arriscam-se a ser violadas e a outras formas de violência sexual se forem raptadas e, se forem mantidas fora da escola, arriscam-se ao casamento infantil, que é uma prática comum nestas regiões". (RM-NM)

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