Reintegração dos antigos guerrilheiros da Renamo na fase "crucial"

Publicado: 17/11/2023, 13:10
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O Presidente da República de Moçambique, Filipe Nyusi, afirmou hoje, em Maputo, que o processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) dos antigos guerrilheiros da Renamo está na fase "crucial", apesar da "impaciência".

"Digo fase crucial porque agora estamos na fase de reintegração, na fase das pensões, que explicámos outra vez que apesar de não ter sido comparticipado [descontos para as pensões] pelos desmobilizados, o Governo decidiu assim fazer. E às vezes há impaciência. Mas é um processo que requer a documentação e está a correr bem, quanto a nós", afirmou o chefe de Estado.

Filipe Nyusi dirigiu hoje a abertura da conferência internacional "Moçambique no Conselho de Segurança das Nações Unidas: Promovendo a Paz e Segurança Internacionais", que visa partilhar a experiência do país durante os primeiros dez meses como membro não permanente daquele órgão.

"Demos maior enfoque à nossa experiência no processo do DDR e no combate contra o terrorismo em Cabo Delgado", explicou o Presidente, sobre a actuação neste período.

O processo de DDR, iniciado em 2018, abrange 5.221 antigos guerrilheiros da Renamo, dos quais 257 mulheres, e terminou em Junho último, com o encerramento da base de Vunduzi, a última da Renamo, localizada no distrito de Gorongosa, província central de Sofala.

O Acordo Geral de Paz de 1992 colocou fim à guerra dos 16 anos, opondo o exército governamental e a guerrilha da Renamo. Foi assinado em Roma, entre o então Presidente Joaquim Chissano e Afonso Dhlakama, líder histórico da Renamo, que morreu em Maio de 2018.

"Acredito que a correr dessa forma, o processo de DDR terá o seu fim não muito tarde. Já mais de 250 pensões foram fixadas, mas o Tribunal Administrativo também está a flexibilizar o processo", afirmou ainda o chefe de Estado moçambicano.

Em 2013 sucederam-se outros confrontos entre as partes, que duraram 17 meses e só pararam com a assinatura, em 05 de Setembro de 2014, do Acordo de Cessação das Hostilidades Militares, entre Dhlakama e o antigo chefe de Estado Armando Guebuza.

Já em 06 de agosto de 2019 foi assinado o Acordo de Paz e Reconciliação Nacional, o terceiro e que agora está a ser materializado, entre o atual Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Ossufo Momade.

Referindo-se ao mandato de Moçambique no Conselho de Segurança, Filipe Nyusi afirmou que essa "prestigiante" eleição "não foi obra do acaso", tendo resultado "do empenho, dedicação e elevado sentido patriótico da vasta equipa de trabalho do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação".

"Em última análise, a nossa candidatura foi uma clara demonstração do que quando nós, os moçambicanos, abraçamos uma causa e nos unimos em torno do interesse nacional, somos capazes de vencer os desafios de qualquer dimensão", afirmou, recordando que Moçambique assumiu a presidência daquele órgão em Março, dois meses depois de assumir o seu mandato.

"De facto, os moçambicanos devem sentir orgulho pelo facto de o país afirmar-se como um Estado que granjeia respeito no concerto das nações e cuja experiência diplomática é promover e influenciar posições e consensos com os cinco membros permanentes sobre projectos de resoluções, declarações presidenciais, comunicados e outras questões no âmbito da promoção da paz e segurança internacionais", destacou igualmente. (RM)

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