A relatora especial das Nações Unidas para os territórios palestinianos ocupados, Francesca Albanese, considerou hoje que o cerco de Israel à Faixa de Gaza é ilegal, alegando que Israel deve defender os cidadãos dentro do próprio território.
"O cerco é ilegal e a ocupação é ilegal. Tal como é ilegal na Crimeia e no 'Donbas' [regiões da Ucrânia sob ocupação russa], também a ocupação do território palestiniano é ilegal", afirmou.
Albanese falou durante um debate organizado por videoconferência pelo Instituto de Relações Internacionais britânico Chatham House hoje sobre "A guerra entre Israel e o Hamas e as suas consequências"
Israel impôs um cerco total à Faixa de Gaza e cortou o abastecimento de água, combustível e electricidade na sequência dos ataques do Hamas no sábado contra Israel.
Em resposta, Israel declarou o estado de guerra e lançou bombardeamentos contra a Faixa de Gaza.
Segundo a advogada e académica italiana, "Israel tem o direito e o dever de proteger os seus cidadãos dentro de Israel e Israel está a confundir a sua segurança com a segurança da sua anexação".
Durante a intervenção, a autora do livro "Refugiados Palestinianos no Direito Internacional" condenou o ataque do grupo islamita Hamas no sábado em Israel, mas lembrou que "Israel bloqueou Gaza durante seis anos, bombardeou-a seis vezes em seis anos e a estabeleceu colónias na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental".
No mesmo debate, o professor de relações internacionais da universidade de Georgetown, nos Estados Unidos, Daniel Byman, explicou que as autoridades israelitas estão sob grande pressão pública para castigar o Hamas.
No passado, recordou, "Israel fez ataques muito violentos em Gaza quando os problemas eram menores, quando a violência era menor", mas "esta vai ser uma ação muito agressiva da parte de Israel".
"Esta realidade política é muito diferente dos conflitos anteriores entre Israel e o Hamas, e é isso que vai moldar fundamentalmente a situação", vincou.
Depois dos bombardeamentos e cerco à Faixa de Gaza, Byman estima que Israel deverá avançar para uma invasão terrestre naquele território para destruir o Hamas, operação que será "difícil e prolongada".
"A ideia de dizer simplesmente: 'Muito bem, como antes, vamos tentar regressar a uma espécie de cessar-fogo' não vai resultar desta vez", disse.
O antigo embaixador britânico na Síria, Arábia Saudita e Iraque, John Jenkins, admitiu que o actual conflito "vai durar semanas, se não meses, talvez anos, especialmente devido aos reféns".
O Hamas lançou no sábado um ataque terrestre, marítimo e aéreo sem precedentes contra Israel a partir da Faixa de Gaza, na maior escalada do conflito israelo-palestiniano em décadas.
Além de ter matado centenas de pessoas em Israel, o Hamas raptou mais de uma centena de israelitas e estrangeiros que mantém como reféns na Faixa de Gaza.
O ataque levou Israel a declarar guerra contra o grupo extremista palestiniano e a responder com bombardeamentos contra a Faixa de Gaza.
O conflito provocou mais de 1.200 mortos do lado israelita e 1.055 em Gaza desde sábado, segundo dados actualizados hoje pelas duas partes. (RM /NMinuto)
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