A Rússia declarou hoje que os combatentes do grupo 'jihadista' Estado Islâmico estão a deslocar-se "activamente" para o território afegão vindos da Líbia e da Síria, entre outros países, após a saída das tropas internacionais do Afeganistão.
“Claro, estamos muito esperançados de que algum tipo de consenso interétnico e reconciliação seja alcançado no Afeganistão. Mas, ao mesmo tempo, vemos como unidades do [grupo autoproclamado] Estado Islâmico (EI) estão a mover-se activamente para o território afegão de diferentes regiões, incluindo Síria e Líbia", disse o ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, em Duchambé, citado pela agência de notícias oficial russa TASS.
O chefe da Defesa da Rússia está na capital do Tajiquistão, para participar numa reunião dos ministros da Defesa da Organização para a Cooperação de Xangai (OCX), formada por Rússia, Índia, China, Paquistão, Cazaquistão, Quirguistão, Uzbequistão e Tajiquistão.
Os oito membros da OCX irão abordar como manter a estabilidade na Ásia Central, especialmente após a retirada das tropas internacionais e a ofensiva do grupo extremista talibã no Afeganistão, que compartilha uma fronteira com quatro membros da organização: Tajiquistão, Uzbequistão, China e Paquistão.
Shoigu enfatizou que a situação no Afeganistão está "a deteriorar-se rapidamente" e "praticamente fora do controlo das autoridades, face à tomada pelos talibãs da maior parte do território".
O ministro russo argumentou que há um "enorme êxodo" de afegãos para o Tajiquistão e o Uzbequistão e que há preocupação "em particular com o fortalecimento das posições do EI e de outras organizações terroristas internacionais, o que levou a um aumento da ameaça de penetração em países vizinhos".
"É por isso que temos que admitir que a missão dos EUA e da NATO no Afeganistão falhou", disse Shoigu.
A "retirada precipitada" de contingentes estrangeiros causou um forte aumento na tensão político-militar e nas hostilidades, disse, de acordo com a agência de notícias Interfax.
"Ao mesmo tempo, os norte-americanos estão mais preocupados com a possibilidade de criação de novas rotas de trânsito e estruturas logísticas nos Estados da Ásia Central, com o desdobramento de suas bases e instalações militares", disse Shoigu.
"Acreditamos que isto não vai levar a nada de bom, mas só pode levar à presença de longo prazo da Aliança (Atlântica) na região e à instabilidade adicional", alertou o ministro.
A Rússia mantém uma base militar no Tajiquistão.
Shoigu disse que, no caso de uma ameaça contra o seu também parceiro na Organização do Tratado de Segurança Colectiva (CSTO), a aliança militar pós-soviética liderada pela Rússia, Moscovo "reagirá e o fará primeiro de sua 201ª base em território" do Tajiquistão.
O ministro indicou que mais armas e equipamentos russos foram fornecidos ao exército tajique e que a Rússia continua a treinar os militares daquele país, tanto em suas academias militares como na base militar russa.
Além disso, acrescentou, a Rússia está a prestar atenção ao fortalecimento do potencial de combate da base militar e planeia "juntos repelir possíveis penetrações de combatentes".
A Rússia e o Tadjiquistão planeiam realizar exercícios militares na fronteira tajique-afegã em agosto.
As tropas militares da NATO, incluindo os Estados Unidos, prevêem abandonar o Afeganistão até ao início de Setembro próximo. (RM/ NMinuto)
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