Russos "impedidos de exercer direitos cívicos" nas legislativas

Publicado: 20/09/2021, 18:55
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Os Estados Unidos denunciaram esta segunda-feira que os eleitores russos foram "impedidos de exercer os direitos cívicos" nas legislativas ganhas por aliados do Presidente Vladimir Putin, votação cujas condições de realização foram também criticadas pelo Reino Unido e Alemanha.

 

"As legislativas de 17 a 19 de setembro na federação Russa decorreram em condições que não eram propícias a procedimentos livres e equitativos", disse o porta-voz da diplomacia norte-americana, Ned Price, citado em comunicado.

"A utilização pelo Governo russo de leis sobre 'organizações extremistas', 'agentes estrangeiros' ou ainda 'organizações indesejáveis limitou fortemente o pluralismo político e impediu os russos de exercerem os seus direitos cívicos", acrescentou.

O porta-voz do departamento de Estado norte-americano realçou também as "restrições" impostas pelo Governo russo, já que as eleições foram precedidas por "extensos esforços para marginalizar atores políticos independentes" e impedir observadores estrangeiros de fiscalizar a votação.

Nesse sentido, Washington exortou a Rússia a "honrar" os seus compromissos com a comunidade internacional de respeitar os direitos humanos e as liberdades fundamentais.

Na votação, a Rússia Unida, associada ao partido no poder, ganhou as eleições para o parlamento, de acordo com os resultados oficiais, que contabilizam 99,69% dos votos. 

A oposição no Kremlin, essencialmente proibida de votar, tal como o ativista anticorrupção preso Alexei Navalny, denunciou a existência de uma fraude maciça, com o preenchimento de cartões de eleitor, falsificação de votação eletrónica 'online' e a exclusão de observadores na contagem de votos.

Em Londres, o Governo do Reino Unido considerou hoje que as eleições legislativas para a nova Duma russa (Câmara dos Deputados) representam "um sério retrocesso nas liberdades democráticas" da Rússia. 

"As medidas tomadas pelas autoridades russas para marginalizar a sociedade civil, silenciar a imprensa independente e excluir candidatos genuínos da oposição minam a pluralidade política e violam os compromissos internacionais que a Rússia assinou", lê-se num comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico.

"Também estamos dececionados com as limitações indevidas que a Rússia impôs à supervisão eleitoral, incluindo observadores internacionais, um elemento-chave de um escrutínio democrático", sublinha-se no comunicado.

No documento, Londres também "condena" a realização de eleições "num território soberano da Ucrânia" e reitera que a anexação da Crimeia pela Rússia, em março de 2014, foi "ilegal e ilegítima, assim continuando hoje em dia"

Na Alemanha, o executivo de Berlim também expressou hoje "preocupação" pelo conteúdo dos relatórios elaborados por observadores independentes e políticos da oposição sobre supostas irregularidades nas legislativas e pediu esclarecimentos a Moscovo sobre as acusações. 

Numa conferência de imprensa, o porta-voz do Governo alemão, Steffen Seibert, defendeu que as denúncias "devem ser levadas a sério e esclarecidas", lembrando acusações de "irregularidades maciças" nas eleições e na contagem dos votos. 

"Tomamos nota das informações de observadores independentes na Rússia sobre infrações muito graves durante as eleições e que nos preocupam", disse, por seu lado, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros alemão, Maria Adebahr. 

Nesse sentido, e enquanto espera conhecer os resultados finais oficiais, Adebahr indicou que a Alemanha observará com especial atenção os esforços anunciados pelas autoridades russas para esclarecer os incidentes denunciados, lamentando não ter sido possível realizar uma missão de observação internacional independente devido às restrições impostas pela Rússia. 

Por sua vez, Seibert acrescentou que, independentemente dos relatórios sobre irregularidades, o Governo alemão está preocupado com a "pressão crescente sobre a oposição e a sociedade civil" antes das eleições para a Duma, o que terá levado "a uma perda da diversidade social e da participação democrática". (RM-NM)

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