Cerca de 300 mil sudaneses fugiram de Wad Madani, a segunda maior cidade do Sudão, nas últimas duas semanas, após combates entre o Exército e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF).
O anúncio foi hoje feito pela Organização Internacional para as Migrações (OIM).
De acordo com a OIM, mais de meio milhão de homens, mulheres e crianças que se refugiaram no estado de Al-Jazira - do qual Wad Madani é a capital - começaram a deslocar-se novamente, naquela que pode ser uma nova e catastrófica crise de cidadãos deslocados naquele que era, até há 15 dias, um dos últimos locais seguros do Sudão.
Na sequência dos combates, o grupo paramilitar RSF acabou por assumir o controlo de Wad Madana desde a passada segunda-feira.
"Esta é uma tragédia humana de proporções imensas, que aprofunda a já terrível crise humanitária do país", disse a directora-geral da OIM, Amy Pope.
"A intensificação do conflito e o crescente deslocamento sublinham a urgência de uma resolução pacífica, a necessidade de um cessar-fogo e de uma resposta forte para evitar uma catástrofe mais ampla", acrescentou.
Desde segunda-feira, Wad Madani está nas mãos da RSF, que entrou na cidade sem oposição após uma retirada surpresa das forças militares que defendiam a metrópole.
Na quinta-feira, o líder do Exército, o general Abdel Fattah al-Burhan, prometeu um castigo exemplar aos responsáveis que ordenaram a retirada.
"Cada soldado cumpre o seu dever honestamente. Aqueles que forçaram esta retirada serão responsabilizados sem qualquer piedade", afirmou o general, num discurso transmitido pelo portal de notícias Sudan Tribune.
O Sindicato de Médicos do Sudão alertou na sexta-feira que todos os hospitais e centros médicos da cidade estão completamente inutilizáveis.
"Todos os centros de saúde da cidade estão fora de serviço e o sistema de saúde entrou em colapso", indicou o sindicato, num comunicado divulgado pelo portal de notícias sudanês Al Yurae.
Estes últimos movimentos elevam a população total deslocada do Sudão para mais de 7,1 milhões, o que representa a maior crise de deslocamento do mundo. Mais de 1,5 milhões de pessoas fugiram para países vizinhos, um "número surpreendente num país que sofre de conflitos, insegurança alimentar e colapso económico", apontou a Organização das Nações Unidas (ONU). (RM-Angop)
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