O tenente-coronel Paul-Henri Sandaogo Damiba, autor do golpe de Estado no Burkina Faso, assumiu hoje o cargo de Presidente, um dia após a adopção de uma carta de transição.
O novo líder apresentou-se com farda de combate e boina vermelha, mas não fez qualquer discurso durante a cerimónia sóbria, perante os representantes dos outros órgãos já constituídos, do exército, do corpo diplomático e das "forças vivas" do país.
Esta tomada de posse ocorreu após ter sido adoptada, na terça-feira, uma carta de transição, elaborada durante as reuniões nacionais entre a junta militar, no poder, e as "forças vivas" do país, incluindo partidos, sindicatos, organizações da sociedade civil, jovens, mulheres e pessoas deslocadas pelos ataques rebeldes que atingem o Burkina Faso desde 2015.
Damiba já tinha prestado juramento perante o Conselho Constitucional, a 16 de Fevereiro findo.
A transição, antes de um regresso à ordem constitucional, foi fixada em três anos, de acordo com o estatuto assinado pelo tenente-coronel Damiba, que o proíbe a ele próprio de se candidatar às eleições previstas para o final desse período.
Esta proibição aplica-se igualmente ao presidente do órgão legislativo, composto por 71 membros, a ser criado para vigorar durante o período de transição.
A carta também prevê a formação de um governo de 25 membros, chefiado por um primeiro-ministro civil.
A cerimónia de hoje teve lugar na mesma sala onde se realiza o julgamento dos alegados assassinos do ex-presidente do país Thomas Sankara, em 1987, que decorre desde Outubro de 2021.
O julgamento, que foi interrompido a oito de Fevereiro e deveria ser retomado na terça-feira, recomeça na quinta-feira.
O tenente-coronel Damiba, de 41 anos, tomou o poder em 24 de Janeiro, após dois dias de motim em vários quartéis do país, derrubando o presidente eleito Roch Marc Christian Kaboré, que não conseguiu travar a violência terrorista, que causou cerca de 2.000 mortes no Burkina Faso nos últimos sete anos e mais de 1,5 milhões de pessoas deslocadas, e na sequência dos golpes de Estado que já tinham ocorrido no Mali e no Níger. (RM/Angop)
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