O director da agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA) avisou hoje que se tornou impossível encontrar comida, água ou cuidados médicos no norte da Faixa de Gaza e exigiu uma trégua imediata da ofensiva israelita.
"No norte de Gaza, as pessoas estão apenas à espera da morte", sublinhou Philippe Lazzarini, num comunicado publicado na rede social X.
As pessoas "sentem-se abandonadas, desesperadas e sozinhas" e "vivem com medo da morte a cada segundo", referiu, adiantando que "o número de mortos continua a aumentar" após "quase três semanas de bombardeamentos contínuos por parte das forças israelitas".
Segundo o responsável da agência das Nações Unidas, "o cheiro da morte está por todo o lado, já que os corpos jazem nas ruas ou sob os escombros", mas "as missões [de ajuda] continuam sem permissão para remover os corpos ou prestar assistência humanitária".
Por isso, exigiu Philippe Lazzarini, é fundamental fazer "uma trégua imediata, nem que seja por algumas horas", para permitir "a passagem das famílias que queiram sair da zona e chegar a locais mais seguros".
Isto "é o mínimo para salvar a vida de civis que nada têm a ver com este conflito", concluiu.
O exército israelita lançou uma ofensiva contra Gaza após os ataques levado a cabo pelo grupo islamita em 07 de outubro de 2023, que fizeram cerca de 1.200 mortos e quase 250 reféns.
Os ataques israelitas já fizeram mais de 42 mil mortos entre os palestinianos, aos quais se somam mais de 750 mortes na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental às mãos das forças de segurança israelitas e ataques perpetrados por colonos.
O Ministério da Saúde de Gaza também afirmou hoje que o sistema de saúde na região está à beira "da catástrofe".
"O hospital Kamal Adwan está numa situação mais que catastrófica, já que a porta do centro foi bombardeada. Bombas foram lançadas contra as ambulâncias do hospital, mas não explodiram. Os andares superiores do hospital estão a ser atacados e a unidade ruiu completamente, pelo que ninguém pode entrar ou sair", alertou o ministério, em comunicado.
A mesma fonte referiu ainda que a maior parte do material médico deste hospital, como as unidades de sangue, já não está disponível e que o pessoal de saúde e os doentes estão "em situação de extremo perigo".
"As forças israelitas estão a disparar contra nós de todas as direções. As pessoas estão aterrorizadas. Mas não vamos abandonar o hospital Kamal Adwan nem deixar os feridos e os doentes sozinhos", disse o diretor do Kamal Adwan, Hossam Abu Safieh, citado pela agência de notícias espanhola Efe.
Por seu lado, o diretor do hospital Indonésio, Marwan Sultan, localizado no norte de Gaza, alertou para a possibilidade de mais doentes morrerem após o cerco israelita imposto a este centro hospitalar.
Na segunda-feira, a Casa Branca avisou Israel de que precisa fazer "muito mais" para permitir a entrada de ajuda humanitária em Gaza.
"Vimos alguns progressos nalgumas coisas (...), mas ninguém no Governo dos EUA vos dirá que estamos satisfeitos ou que consideramos satisfatória a situação humanitária em qualquer parte de Gaza", disse o porta-voz adjunto do Departamento de Estado, Vedant Patel, numa conferência de imprensa. (RM-NM)
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