O presidente do Ruanda, Paul Kagame, distanciou-se, esta quarta-feira, em Washington do grande número de vítimas mortais dos combates no leste da República Democrática do Congo (RDCongo), região que faz fronteira com o seu país.
"O problema não foi criado pelo Ruanda e não é um problema do Ruanda. É um problema da RDCongo", disse Kagame à margem da Cimeira EUA-África.
Uma investigação preliminar da Organização das Nações Unidas (ONU) acusou na semana passada os rebeldes do Movimento 23 de Março (M23) de executar pelo menos 131 civis e de violações e saques em 29 e 30 de Novembro em duas aldeias no leste da RDCongo, em retaliação por confrontos com grupos armados.
O M23 é uma antiga rebelião predominantemente tutsi que pegou em armas no final do ano passado e conquistou grandes extensões de território ao norte de Goma, capital da província de Kivu do Norte, na RDCongo.
Segundo autoridades de Kinshasa, peritos da ONU e diplomacia dos Estados Unidos da América (EUA), o M23 é apoiado pelo Ruanda, mas Paul Kagame rejeitou qualquer ligação com as acções do grupo: "Não posso ser responsabilizado por cidadãos da RDCongo de origem ruandesa que têm os seus direitos negados".
Os combates na região oriental de Kivu do Norte aumentaram as tensões entre Ruanda e a RDCongo, tendo este último país expulsado designadamente o embaixador ruandês em 29 de Outubro.
O presidente da RDCongo, Felix Tshisekedi, afirmou esta terça-feira, durante um encontro com o chefe da diplomacia norte- americana, Antony Blinken, que o seu país é vítima de "uma agressão oculta mas proveniente do Ruanda, e que tem vindo a desestabilizar".
Paul Kagame disse desconhecer se reunirá com o seu homólogo norte-americano Joe Biden na cimeira.
Mas quando questionado sobre o que diria se os dois homens se encontrassem cara a cara, respondeu: "África não deve ser ignorada. África não deve ser vista apenas como um lugar para problemas". (RM /NMinuto)
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